domingo, 25 de março de 2012

Presidenta da ARDH, Luma Andrade, é destaque em matéria do site IG.

Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação.
Luma Andrade descreve o preconceito sofrido por travestis na rede pública de ensino
e aponta lacunas na formação de professores; defesa será em julho.



Luma, primeira travesti brasileira a defender uma tese de doutorado
Antes de se tornar supervisora regional de 26 escolas públicas e ingressar no doutorado em Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luma Andrade assinou o nome João por 30 anos, foi rejeitada pelos pais na infância, discriminada na escola e, mais tarde, no trabalho. Na tese de quase 400 páginas que irá defender em três meses, a primeira travesti a cursar um doutorado no Brasil relata a discriminação sofrida por pessoas como ela na rede pública de ensino. Ela também aponta lacunas na formação dos professores. Criança nos anos de 1970, no município de Morada Nova, a 170 quilômetros de Fortaleza, o único filho homem de um casal de agricultores, era João, mas já se sentia Luma. Em casa, escondia-se para evitar ser confrontada. Na escola, apanhava dos meninos por querer parecer uma menina. Em uma das vezes que foi espancada, aos nove anos, queixou-se com a professora e, ao invés de apoio, ouviu que tinha culpa por ser daquele jeito.Mais tarde, já com cabelos longos e roupa feminina, sofria de segunda a sexta-feira na chamada dos alunos, ao ser tratada pelo nome de batismo. Não se reconhecia no uniforme masculino que era obrigada a usar. Evitava ao máximo usar o banheiro. Aturava em silêncio as piadas que os colegas insistiam em fazer. “Se a travesti não se sujeitar e resistir, acaba sucumbindo”, lamenta.
Luma se concentrou nos estudos e evitou os confrontos. "Tem momento que a gente quer desistir. Eu não ia ao banheiro urinar, porque eu queria usar o feminino, mas não podia. Então eu me continha e, às vezes, era insuportável”, relembra. Mas ela concluiu o ensino médio e, aos 18 anos, entrou na universidade. Quando se formou aos 22, já dava aulas e resolveu assumir a homossexualidade. Quando contou que tinha um namorado, foi expulsa de casa. Em 2003, já com o título de mestre, prestou concurso para lecionar biologia. Eram quatro vagas para uma escola estadual do município de Aracati, a 153 quilômetros de Fortaleza. Apenas ela passou. Contudo, o diretor da escola não a aceitou. Luma pediu a intervenção da Secretaria de Educação do Estado e conseguiu assumir o posto. “Eu não era tida como um bom exemplo”. Durante o período de estágio probatório, tentaram sabotar sua permanência na escola. “Uma coordenadora denunciou que eu estava mostrando os seios para os alunos na aula”. Luma havia acabado de fazer o implante de próteses de silicone. “Eu já previa isso e passei a usar bata para me proteger, esconder. Eu tinha certeza que isso ia acontecer”. Anos depois, Luma assumiu um cargo na Coordenadoria Regional de Desenvolvimento de Educação de Russas, justamente a região onde nasceu. Como supervisora das escolas estaduais de diversos municípios, passou a interceder em casos de agressões semelhantes ao que ela viveu quando era estudante. “Uma diretora de escola fez uma lista de alunos que, para ela, eram homossexuais. E aí mandou chamar os pais, pedindo para que eles tomassem providências”. A providência, segundo ela, foi “muito surra”. “O primeiro que foi espancado me procurou”, lembra. Luma procurou a escola. Todos os gestores e professores passaram por uma capacitação para aprender como lidar com a sexualidade dos estudantes.
Um ano depois, em 2008, Luma se tornou a primeira travesti a ingressar em um doutorado no Brasil. Ela começou a pesquisar a situação de travestis que estudam na rede pública de ensino e constatou que o caso da diretora que levou um aluno a ser espancado pelos pais e todas as outras agressões sofridas por homossexuais tinham mesma a origem. “Comecei o levantamento das travestis nas escolas públicas. Eu pedia para que os gestores informassem. Quando ia averiguar a existência real do travesti, os diretores diziam: ‘tem aquele ali, mas não é assumido’. Percebi que estavam falando de gays”, relata. A partir desse contato, Luma trata em sua tese de que as travestis não podem esboçar reações a ataques homofóbicos para concluir os estudos. Mas também sugere que os cursos de graduação em licenciatura formem profissionais mais preparados não apenas para tratar da homossexualidade no currículo escolar, mas também como lidar com as especificidades de cada pessoa e fazer da escola um lugar sem preconceitos. “Cada pessoa tem uma forma de viver. Conforme ela se apresenta, vai se comunicar e interagir. O gay tem uma forma de interagir diferente de uma travesti ou de uma transexual. O não reconhecimento dessas singularidades provoca uma padronização. A ideia de que todo mundo é ‘veado’”. A tese de Luma já passou por duas qualificações. Ela está em fase final, corrigindo alguns detalhes e vai defendê-la em julho, na UFC, em Fortaleza. 
Link da matéria aqu
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sábado, 24 de março de 2012

A abolição da escravidão na "Terra da Luz".


Nesta última semana de março comemora-se um acontecimento que enche de orgulho e de espírito ufanista o povo cearense. Há 128 anos, a então Província do Ceará tornava-se a pioneira na luta pela abolição da escravatura no Brasil. Vários fatores contribuíram para esse pioneirismo. Numa comparação com outras províncias do país, a terra de José de Alencar não recebeu uma significativa leva de escravos. Algo em torno de 35 mil, vieram do continente africano, principalmente de Angola e Congo. Chegavam com um alto preço para a economia local, baseada na pecuária extensiva, uma atividade que não necessitava de elevada mão-de-obra e que ainda facilitava a fuga dos escravos para o inóspito sertão.

A acentuada crise na economia brasileira, sobretudo no Nordeste, no final do século XIX, agravada ainda mais pelas constantes secas, passou a resultar na venda de escravos para outras regiões do país. Tentando manter o sistema escravocrata no Norte e Nordeste, fazendeiros paulistas conseguiram a proibição legal desse comércio evitando o que aconteceu nos Estados Unidos entre as colônias do Norte e do Sul. Com isso, tornou-se inviável manter escravos nas fazendas cearenses, o que colaborou para o processo de libertação.
No ano de 1868 existia na província uma orientação da Assembléia Legislativa para alforriar escravos, de preferência mulheres e crianças recém-nascidas. Por essa época surgiram sociedades civis de combate à escravidão, como a loja maçônica Fraternidade Cearense e a sociedade Perseverança e Porvir. Em 8 de dezembro de 1880, é fundada em Fortaleza, a Sociedade Cearense Libertadora, entidade formada por 225 sócios republicanos e abolicionistas, que se reuniram na denominada “Sala do Aço”, sob o juramento “matar ou ser morto em bem da abolição”.

Na ocasião do juramento, a sociedade era presidida pelo intelectual cearense, natural de Santana do Acaraú, João Cordeiro. O jornal do grupo, denominado Libertador, denunciava os abusos cometidos contra escravos e organizava manifestações públicas apregoando o fim do tráfico negreiro. Pela grande dificuldade em atracar navios, devido ao mar bravio, a capital cearense era um péssimo ancoradouro, o que fazia dos jangadeiros um elemento de suma importância para a economia local, já que o embarque e desembarque no porto de Fortaleza tinha que ser feito por meio de embarcações pequenas e insubmersíveis conhecidas como jangadas.

A forte campanha abolicionista, em 1881, convenceu os jangadeiros cearenses a não mais realizar o transporte de escravos para terra firme. Sob o lema “No Ceará não se embarcam mais escravos”, o movimento, comandado por Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, ganhou significativa simpatia da população cearense. A manifestação alcança toda a Província, e a Vila do Acarape, atual município de Redenção, que tornou-se, em 1º de janeiro de 1883, durante a visita do jornalista e abolicionista fluminense, José do Patrocínio, a primeira localidade no Ceará a libertar seus escravos, no que foi seguida por Pacatuba, Icó, Baturité, Maranguape, Messejana e Aquiraz, dentre outras. Tal fato, propiciou, por parte de José do Patrocínio, a denominação da Província do Ceará de “Terra da Luz”. Aliás, Patrocínio fazia-se presente em terras alencarinas atendendo à sugestão do poeta de Aracati, Paula Nei para, segundo Raimundo Girão, em sua obra A Abolição no Ceará, “aconchegar-se ali aos que, sem nenhum temor, combatiam a serpente lérnica da escravidão”.

Em 25 de março de 1884, o imposto sobre a propriedade de escravos na província do Ceará tornou-se maior que seu valor de mercado, contribuindo para acelerar o processo final de abolição. Levantamento do Ministério da Agricultura apontou que, em pouco mais de um ano, mais de 22 mil escravos foram alforriados. Esse fato mereceu as seguintes palavras do jurista, diplomata e abolicionista pernambucano, Joaquim Nabuco: “O que o Ceará acaba de fazer não significa por certo ainda – O BRASIL DA LIBERDADE; mas modifica tão profundamente o BRASIL DA ESCRAVIDÃO, que se pode dizer que a sua nobre província nos deu uma nova pátria. A imensa luz acesa no Norte há de destruir as trevas do Sul. Não há quem possa impedir a marcha dessa claridade”.

A Boa Nova logo chega em todos os rincões do país e deu alento e ânimo aos republicanos, abolicionistas e escravos das demais regiões, que inclusive passaram a ter o Ceará como rota de fuga e certeza de poderem gozar da sonhada liberdade na “Terra da Luz”.

quinta-feira, 8 de março de 2012

ARDH faz mobilização em homenagem às mulheres.

A Associação Russana da Diversidade humana promoveu, no dia 08 de Março de 2012, Dia Internacional das Mulheres, uma mobilização em homenagem as mesmas. Os integrantes da Associação fizeram uma paralisação no sinal de trânsito, na Avenida Dom Lino, em frente a loja Saara Modas. Um dado triste foi apresentado à população através de uma faixa, que dizia: "Será que temos o que comemorar? A cada dois minutos, 5 mulheres são violentadas no Brasil", um número alarmante, porém, real. Além disso, doces e cartões, contendo uma linda mensagem de Luiz Alves, foram entregues às mulheres que passavam pelo local. Com essa mobilização social, a ARDH objetivou mostrar às pessoas que ainda há muito o que se fazer por nossas mulheres, violência, abuso sexual, dentre outros crimes, ainda fazem parte da vida cotidiana de diversas mulheres, em nosso país. Situações de violência, não só contra as mulheres, mas contra qualquer ser humano, não podem ser omitidas, devem ser levadas à justiça, para que esta se encarregue das medidas necessárias. Confira algumas fotos da mobilização...







Para conferir todas as fotos, clique aqui

Associação Russana da Diversidade Humana faz homenagem a todas as mulheres.

Estaremos, hoje, 08 de março de 2012, na praça Monsenhor João Luiz, nas proximidades do sinal de trânsito,  fazendo uma singela homenagem a todas as mulheres, negras, loiras, ruivas, jovens, idosas, deficientes, indígenas, que não podem ter filhos, àquelas que se sentem e, portanto, são mulheres: transsexuais, travestis... às que trabalham fora e às que permanecem a cuidar de seus lares, àquelas que não possuem um lar para morar, mas que são guerreiras em sua força interior. Enfim, que o verdadeiro espírito desta data simbólica possa ser vivenciado ao longo de todo o ano, que esteja presente em nossas atitudes e em nossos corações.

Feliz Dia Internacional da Mulher!!



Apresentaremos ainda uma faixa contendo um dado bastante triste, porém, real. A cada dois minutos, 5 mulheres são violentadas no Brasil. Precisamos refletir e buscar soluções, afim de minimizar este número.



Mais uma vez homossexuais são vítimas do preconceito em Russas-CE .



Caro(a) amigo(a) quanto mais respeito e abertura na sociedade é conquistada pela população LGBTT ( Lésbicas,gays, bissexuais,travestis e transsexuais) mais agressivos se tornam os homofóbicos a ponto de influenciar jovens alimentando o ódio às citadas populações. Me recordo de cartazes divulgados na semana da II Parada Regional da Diversidade Humana nas repartições públicas e privadas, em sites, blog's e facebook da cidade de Russas com a seguinte frase: "Em favor da família e preservação da espécie humana DEUS CRIOU MACHO E FÊMEA." Esta foi uma campanha de um missionário de Russas que diz falar em nome de DEUS e veja no link que segue o resultado do trabalho realizado por este senhor (http://www.facebook.com/photo.php?fbid=244579072302062&set=a.160674737359163.37868.100002499123117&type=1&ref=nf ) que deve considerar o pronunciamento deste jovem Russano um reflexo da vontade divina, pois este jovem reproduz na integra trechos dos cartazes para justificar seu pensamento homofóbico. Veja analise e tire suas conclusões. Não podemos aceitar em nossa sociedade incitações ao ódio principalmente quando atrela isto o nome de DEUS. Não podemos esquecer que temos excelentes missionários inclusive alguns meus amigos que não são coniventes com esta pedagogia do ódio e da violência que contraria a frase: “ Amai uns aos outros como eu vos amei”. O episódio é lamentável e por esta razão desde o momento que identifiquei a intenção do missionário ao reproduzir suas ideias publicamente acionei o Ministério Público por escrito e produzimos uma nova campanha em favor das famílias que os colegas viram. Assim como apostura do missionário, autor dos cartazes, está sendo analisado pelo ministério público a postura deste jovem também será. Como relatei no último manifesto público encaminharemos todas as manifestações de ódio e violência à Diversidade Humana para análise judicial para que as providências legais sejam tomadas e o Direito Fundamental a Dignidade Humana e cidadania sejam garantidos a todos e todas sem distinções. 



EM FAVOR DE UMA CULTURA DE PAZ E CONVIVÊNCIA HARMÔNICA ENTRE HUMANOS...DIGA NÃO AO PRECOCEITO AO ÓDIO E A VIOLÊNCIA.

Luma Andrade
Presidenta da ARDH

sexta-feira, 2 de março de 2012

ARDH em manifestação pública.


A Associação Russana da Diversidade Humana acompanhou ontem ( 01/12/2012) mais uma vítima do preconceito e da discriminação na Delegacia de Polícia. É o segundo caso neste ano ( ver documento em anexo), mas desta vez testemunhas se disponibilizaram a prestar depoimento à justiça por reconhecer o ato como transfóbico (por a vítima ser uma travesti). 

O caso terá dependendo da análise judicial consequências graves para o acusado, caso este seja considerado culpado. Não podemos continuar mantendo judicialmente ilesas pessoas na sociedade Russana que não respeitam as diferenças e os Direitos Humanos. Todos os casos que chegarem até esta associação o tratamento será com o Rigor da Lei”. Desde 2009 a Associação realiza ações de informação e conscientização nas escolas, nas praças, em vias públicas, nas Paradas Regionais da Diversidade Humana, na imprensa escrita, falada e televisionada, dentre outras. Este trabalho continuará, mas casos como estes no município de Russas não serão mais tolerados ou negociados, pois não podemos negociar Direitos Humanos, mas garanti-los. 

Na oportunidade, informo que encaminhamos desde o dia 21 de novembro de 2011 duas Propostas de Projetos de Leis para o Executivo Municipal, uma que trata do Decêndio da Diversidade Humana (Inclusive realizamos esta atividade ano passado) e a Proposta de Projeto de Lei que Veda Discriminação à Diversidade Humana (populações de Negros, Deficientes, LGBTTs, idosos, de menos recursos financeiros, dentre outros). As propostas, após passarem pelo Ministério Público, Comissão de Direitos Humanos da OAB e Procuradoria Municipal foram encaminhadas em forma de Projetos de LEI pelo Executivo Municipal, sem inconstitucionalidades, para apreciação do Legislativo Municipal. Atentamente acompanharemos e solicitamos que a POPULAÇÃO RUSSANA acompanhe o posicionamento de cada um dos vereadores, em especial, aqueles que receberam seu voto.

As citadas propostas não diminuem em nada o direito de ninguém, pelo contrário, asseguram direitos fundamentais e o exercício da cidadania às referendadas populações historicamente discriminadas ( violentadas verbalmente, fisicamente e até assassinadas) pelo simples fato de ter uma cor diferente, fazer sexo diferente, amar diferente, ser feliz diferente do padrão hegemônico de homem. Não podemos esquecer que o homem evoluiu e a realidade hoje é contemporânea, o que configura uma mudança radical de valores humanitários. Veremos dentre nossos vereadores aquele que estará a favor dos Direitos Humanos e atento à promoção de uma cultura de PAZ entre as pessoas, independente de suas singularidades. 

“Não há caminho para PAZ, a PAZ é o caminho”. 
Gandhi.

Atenciosamente,

Luma Andrade 
PRESIDENTA DA ARDH